Questão de Honra

Mônica tinha um mal incurável, apaixonava-se fácil. Com o passar do dia ela se apaixonava várias vezes, se sentia bem, era incrível como em cada pessoa ela via algo lindo, que não dava pra parar de olhar. A boca, o sorriso, as mãos, a bunda, algo sempre lhe chamava atenção. Ela dizia que os homens são fáceis de lidar, basta elogiar, prestar atenção, ser carinhosa, inteligente, dócil, infantil (quando necessário), e incrivelmente sensual com pequenos atos. Mas só Mônica conseguia juntar todas essas características em uma só mulher, pois, mesmo parecendo tão submissa, ela, com toda sua ‘bruxaria’, conseguia levar os homens a todos os lugares, do céu ao inferno. E conseguia, acima de tudo, ser várias em uma, sempre inconstante, saboreava-se com as situações que criava os constrangimentos, as alegrias e mesmo as dores mais profundas. Mônica dificilmente se arrependia, talvez esse fosse seu maior pecado, nunca querer voltar atrás, nunca pedir desculpas e sempre achar que poderia usar as pessoas para seu único e exclusivo deleite.

Mônica não era a mais bela das mulheres, talvez só sabia usar todos os encantos que seu sexo permitia. Era simples, seu andar, sua fala, suas roupas, mas tinha um algo a mais, inexplicável que por onde passava chamava atenção. Era bem expressiva, as pessoas eram capazes de descobrir sobre o que ela falava, só de observar, de longe mesmo. Sempre falava gesticulando muito, apegava-se aos detalhes das histórias e era bonito vê-la contar histórias. Contudo existia um, apenas um que ainda não caíra nos encantamentos de Mônica, era tímido, calado, sempre com os óculos caídos, talvez guardasse, só para si um segredo, ou não, era apenas mais cara comum que incrivelmente resistira a ela. Era essa sua meta, resistir a todas aquelas seduções, mais sempre que podia Mônica vinha, passava-lhe as unhas na nuca, sussurrava algo desconexo como “Hoje parece que vai fazer frio...”, e dava sorrisinhos, sempre tentando puxar assunto ou fazê-lo delirar.

As pessoas continuaram a passar pela vida de cada um deles, ela se tornava cada vez mais fria e ele seguia sempre em frente sem se importar com as constantes investidas dela. Sem muitos esforços ele deixava ela passar, ninguém entendia como ele conseguia, era simples, Mônica não conseguira enfeitiçá-lo. Desde então era questão de honra, tinha que tê-lo, tinha que fazê-lo perder a cabeça, implorar seu amor e rastejar aos seus pés. Depois de um tempo Ela viu-se obcecada, não tinha lugar para mais nada em sua vida, só uma meta, conquistá-lo.

Obs.: Mais uma histórinha sem fim...