segunda-feira, 10 de abril de 2017

Sinto


                                                          Imagem petitesluxures.bigcartel.com


Provar cada centímetro teu enquanto te chupo e degusto teus melhores sabores
Gemer contigo entre minhas pernas enquanto me olha de baixo e me preenche com dedos e língua]
Te abocanhar por completo enquanto tenho você por horas infinitas entre ritmos acelerados e quase pausados]
Te segurar com minhas coxas e sexo enquanto sinto escorrer de mim meu mel mais puro]
Tremer. Morder. Faltar ar enquanto você pulsa e cai sobre minhas costas

domingo, 19 de março de 2017

Dormência*

- Quando vai passar?

- Não trabalhamos com datas fechadas para essas demandas. Mais alguma observação sobre seu pedido?

- Sim, sim! Fiz as análises que foram solicitadas e consegui chegar a algumas conclusões. Notei que aquela euforia faz parte de ciclos e que ela é necessária e protege (até certo ponto), mas mascara muita coisa.

- Isso é ruim?

- Não, só ás vezes, já que acabo fazendo coisas pela pura euforia e não por fazer mesmo. Mas foram só análises e são os tempos e coisas necessárias. Só fiz perceber mesmo.

- Deseja mais alguma coisa?

- Sim! Que minhas alegrias e vontades permaneçam comigo e da melhor maneira para mim. Estava pensando - Fico feliz por ter nascido na época em que nasci. Acho que seriam capazes de me chamar de histérica só por eu ser assim. Seriam capazes de não entender quem sou e os motivos pelos quais faço o que faço. Mulheres "histéricas" não eram bem aceitas. Idiotas e medrosos. Dizem que gostam de mulheres independentes e que gozam por si, só que quando veem uma chamam de histérica ou insensível.  

- Mas você sabe que o que você faz, como faz e como apresenta não é bem aceito, né?

- Ai não? Então que bom que sou quem sou - Eufórica (não histérica) e feliz com meus ciclos.


* - Dormência é um período no ciclo de vida de um organismo no qual o desenvolvimento é temporariamente suspenso. Ela minimiza o gasto energético, por reduzir a atividade metabólica, e pode auxiliar um organismo a conservar energia. Dormência está normalmente associada com as condições ambientais. Os organismos podem sincronizar a entrada em uma fase dormente com o seu ambiente por meios preditivos ou consequenciais

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Sesta

Mesmo sendo meio da semana deitamos na rede que pegava o vento da varanda e sabíamos que nem a luz forte daquele momento nos impediria de um cochilo. Ele tinha hora pra sair e eu estava de folga e, mesmo sem precisar bater o ponto, não gosto de deitar a tarde... só deitei pra ficar um pouco com ele, era um dos raros momentos em que o via na hora do almoço.

Adorava quando deitávamos juntos na rede. Ele me abraçava a cintura e me puxava pra perto. Sabia e sentia que seu corpo mudara - ganhou alguns quilos e muitos mais pêlos apareceram no corpo, enquanto uns lhe abandonavam e deixavam entradas nas têmporas - "Bandeiras!", dizia ele - e eu achava lindo e o amava.

Cochilamos. Ele mais que eu (sempre pegou no sono fácil). Enquanto o sono não aparecia, eu ficava lá toda boba olhando para suas mãos - palmas grandes, dedos curtos e grossos, unhas largas e linhas bem marcadas - que geralmente estavam entrelaçadas com as minhas ou segurava um de meus seios enquanto dormíamos. Como gostava de olhar pra elas!

Foram 20 min e sempre que deito na mesma varanda lembro daquele dia. Consigo lembrar da claridade que fazia, do cheiro de seu suor e ainda consigo sentir nossos quadris encaixados e ele me esquentando as costas.

Hoje, talvez, seja a última noite que eu durma nessa varanda e a primeira coisa que lembrei quando deitei, foi que aqui é muito bom e ventilado e a segunda, foi desse dia. Desses 20min.

domingo, 20 de novembro de 2016

Esquiva

- Não consigo mais.

- O quê?

- Sentir!

- O que você quer sentir?

- Não sei, mas sentir e deixar de sentir saudades já seria muito bom! Eu estou conseguindo explicar? Tem saudades que não quero ter e tem saudades que quero ter. As coisas que não vivi são as que mais quero... sempre tive uma certa nostalgia com elas. São para mim uma realidade que estou lá, mas não é aqui, então eu vivo sem sentir no agora, então eu só sinto saudades, só que não lembro direito do quê. Deve ser só o desejo do que eu gostaria que fosse, mas esse desejo acaba virando saudades pq sinto que já vivi.

- Entendi pouca coisa, mas gostei do que falou. Gostei de você ter me contado, mas posso usar da sinceridade e dizer que acho lindo você falar essas coisas mesmo sem eu entender muito bem o que você quer dizer? Queria te acompanhar nesses pensamentos. Estar contigo e ver as coisas que sonha e pra onde vai. Isso parece meio aquela frase do poetinha “O ciúme é o perfume do amor”. Será que é isso que sinto de ti com essas saudades? Nem sei pq falei dessa música. Enfim, posso ir contigo?

- Não. Não seria mais minhas saudades, seria você dentro de mim, mais do que aquilo que meu limite está preparado. Sabe, uma coisa em mim que percebi que gosto? Caçar.

- Caça? Agora virou cão de caça? Enlouqueceu?

- HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA! Não! Não sou domesticada para a caça, ela está em mim! Gosto das presas, do jogo de farejar e sentir seus gostos. Só para isso que as quero. Alimento.

- Então a caça é uma saudade que viveu ou que está em uma realidade que você sente? Pelo visto é das saudades que você gosta de ter, né?

- Não sei bem como explicar, só sinto. Falando em sentir, sinto que preciso ir.

- Vai caçar?

- Não. Apenas vou.

- Posso sentir saudades?

- Não. Ainda sou presente. Vou, mas você ainda me sente. Sente saudades não. Só sente. 

domingo, 13 de novembro de 2016

Por dentro de mim

Quebrei meu espelho.

Quando caiu nem vi que tinha quebrado... só depois que olhei percebi no canto inferior esquerdo três cortes no meu reflexo, três marcas e logo lembrei dos possíveis sete anos de azar. Não quero sete anos de azar. Ele rachou, mas não quebrou e isso conta como não quebrar?

Imediatamente lembrei que ele pode significar a virada de sete anos de azar em anos de sorte e prosperidade.

Ele só reflete, não decide. Mesmo quebrado, ele só reflete. 

E  meu olhar mudou. 

domingo, 23 de outubro de 2016

Arremate


                                           Acervo Pessoal


A conversa durou dez cigarros. Um atrás do outro... lentos e queimados mais que tragados.

Há tempos não fumava tanto assim, mas isso a acalmava nesses dias de ócio e passado tão presente. Sabia que no dia seguinte os cabelos teriam o cheiro da fumaça, mas era preciso conversar. Era preciso algo que acompanhasse aquele momento. 

Havia impaciência ao digitar tudo aquilo e, como quando criança queria ser ambidestra como a mãe e tinha alguma destreza com a canhota, passara o cigarro para a mão esquerda. Dessa forma o digitar acompanhava o pensamento. 

Tudo ali era sobre o passado. Aquele que ainda magoava, mas não era mais tão importante. Contraditório, né? É como se precisasse fechar chaves em uma equação ou parênteses em uma frase. Aquilo era necessário. 

Os ombros doíam enquanto falavam sobre as coisas boas de agora e com as pitadas de rancores de coisas de outrora. Ficou se perguntando qual era o sentido de continuar. Lembrou-se dos anos e das coisas que guardou. Carregava consigo caixas de lembranças ruins empoeiradas e guardadas. Cada uma que abria era um momento diferente e uma memória que a fazia sentir o estômago. Devia ser a gastrite que o médico tanto alertou. Seria preciso abrir cada caixa, ver cada uma e jogar fora. Se não fizesse isso, lembraria sempre da caixa fechada e ficaria se perguntando o que tinha nela. Era preciso digerir.

Daí sentiu de novo o estômago. Pensou que aquilo era o universo dizendo "Joga essa porra toda fora! Nem tudo a gente precisa digerir". 

No sétimo cigarro tentou terminar a conversa com alguma frase de efeito e viu que o "Digitando..." não aparecia mais. Apagou tudo que iria mandar, releu e ficou olhando que tinha dito até ali. Acendeu o oitavo e viu que ele tentou falar das coisas boas que aconteciam. Contou situações aleatórias e puxava mais assunto. Ela só olhava para a tela. Tentava lembrar do perfil dele e ficou excitada. Sabia que era a falta de sexo e não dele em si. Não soube o que responder e deixou pra lá.

No décimo, tragou fundo e tentou fazer graça com o cigarro... um desenho ou uma pose sexy. Desistiu. Apagou a conversa e pôs os pés apoiados na coluna que segurava o varal e dava beleza ao telhado, além da sustentação, e só conseguiu pensar em uma coisa enquanto olhava para as estrelas "preciso comprar mais cigarros". 

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Pagã





Acervo pessoal

Saí de meu corpo e virei vulto no meio da garrancheira
Ainda sentia minha essência e selvageria, mas sem braços, pernas ou cachos.
Virei patas, pêlos e cauda
Me esquivei do sol nos galhos e pouca sombra e corri sob a lua e a via láctea

Despertei! Infelizmente! E percebi que aquela sensação é que era meu verdadeiro despertar.

terça-feira, 27 de setembro de 2016

Se você fosse minha

Imagem do clipe: Bye Bye Macadam - Rone

Hoje quis chorar
Disse a mim mesma que era o ciclo e toda a sensibilidade que ele traz
Hoje quis voltar no tempo
Disse a mim mesma que os átomos tendem à desordem e não reordenam as coisas
Hoje quis compartilhar elogio
Fiquei com ele para mim, afinal era meu e agradeci ao universo
Hoje quis gritar
Cantei as melhores canções e dancei no carro enquanto os motoristas passavam e riam
Hoje quis ganhar carinho sincero
Encontrei os amigos no bar e ganhei os melhores sorrisos
Hoje quis calor
Me vi na cama, sozinha e sentindo que ela estava preenchida

Percebi que quero a mim mesma

domingo, 1 de abril de 2012

Crise...



Vivo dizendo que sentir nos difere das pedras. Mas tem horas que ser pedra até parece interessante, melhor mesmo seria virar um ermitão! Sem celular, sem internet, sem compromissos, sem nada na cabeça! Os olhos marejados dariam lugar a uma paisagem limpa e com estrelas ao som do mar. De marejado apenas o mar! Tenho essa ligação com o mar, tenho medo, não sei nadar, mas fico fascinada! Lá é aquele lugar em as energias são repostas, reestruturadas. Talvez seja pelo signo, o ascendente, a carga cultural, a literatura, ou mesmo uma história inventada, que de tão falada, virou verdade.
Tenho percebido que somos uma geração com tudo e com nada, não estou falando com propriedade de quem analisa academicamente, falo de sentar em um canto e olhar, teorizar apenas. Hoje tudo precisa ser aproveitado até a última gota. A noite deve ser vivida até o amanhecer, o cigarro até a última ponta, a bebida até o último suspiro de sobriedade. Que diabos de pessoas são essas que para serem originais precisam de artifícios de falsificação? Existe a identidade e a forçação de barra, a felicidade e a necessidade de só se sentir bem se experimentar tudo! Não há mais verdades nas pessoas, há apenas o “ser aceito”!
Tornamo-nos grandes vazios, como potes d’água do semi-árido em tempos de seca. E se enganar com promessas de chuva é tão fácil, que qualquer sereno vira salvação!

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

30 years after my first apocalypse


"A mídia sempre se preocupou com o fim do mundo... Desde os tempos mais antigos, há relatos de previsões sobre tal acontecimento. Durante eras imperou a ideia de alguma grande intervenção divina, afinal a ciência ainda não era algo estabelecido e o homem talvez ainda não se achasse capaz de fazê-lo por si só, até porque ainda eram poucos indivíduos sobre o mundo. Concentrar-me-ei nas épocas e nos medos que presenciei.

Quem foi, como eu, criança no finalzinho dos anos 1970 e em boa parte dos anos 1980 deve se lembrar do grande medo da época: a hecatombe nuclear! A guerra fria mantinha em nós o medo de não haver um amanhã porque alguém das grandes potências _EUA e URSS_ poderia apertar a qualquer minuto o botão que desencadearia a guerra final. Dois filmes estadunidenses, ambos produzidos no ano de 1983 retratam muito bem esse medo: “Jogos de Guerra” (War Games, de John Badham) e “O Dia Seguinte” (The Day After, de Nicholas Meyer), sendo que este segundo causou uma comoção tremenda, foi um verdadeiro choque. Vários músicas populares versavam sobre o assunto que era também recorrente no seriado “Além da Imaginação” (The Twilight Zone), em um dos episódios da época, chamado “Um Pouco de Paz e Tranquilidade” (A Little Peace and Quiet) a protagonista para o tempo no momento em que os primeiros mísseis nucleares são lançados (perdão pelo spoiler). Mais aterrorizante que propriamente pacifista. Agradecimentos a Wes Craven.

Já no final dos anos 1980 até os anos 1990 termina a guerra fria, cai o muro de Berlim, Gorbachev desmonta a União Soviética e começa a revolução tecnológica. O mundo se via diante de um novo dilema: o avanço tecnológico industrial dava saltos cada vez maiores, pessoas perdem seus empregos para sistemas automatizados, o computador pessoal invade as casas, o conceito de redes mundiais de comunicação digital se estabelece. AS MÁQUINAS DOMINARÃO O MUNDO! Ok, Asimov já pensava nisso em 1950, mas agora a coisa era real! Uma coisa interessante sobre os dois filmes mais emblemáticos dessa época é que eles só fizeram sucesso realmente muito tempo depois de produzidos, passando boa parte de suas “vidas” sendo considerados cult até se tornarem populares com o aparecimento do videocassete e o novo mercado de videolocadoras, que facilitou o acesso de vários filmes ao grande público. São eles “Blade Runner – Caçador de Androides” (Ridley Scott, 1982) e “O Exterminador do Futuro” (The Terminator, de James Cameron, 1984).

A passagem do século XX para o XXI trouxe consigo uma nova preocupação mundial: o desequilíbrio ecológico. Mais uma vez algo que já era falado desde os anos 60 só que, assim como a paranoia tecnológica, o ser humano percebeu que a coisa era pra valer e não apenas chilique de um bando de hippies cabeludos. Filmes-símbolo: “O Dia Depois de Amanhã” (The Day After Tomorrow, de Roland Emmerich, 2004) e o documentário de Al Gore, “Uma Verdade Inconveniente” (An Inconvenient Truth, 2006). Vale dizer que Al Gore ganhou o Nobel da Paz em 2007 devido a seus esforços pela divulgação da causa ecológica. Outros autores exploravam outras formas “naturais” de destruição do mundo... alguns pensavam em um asteroide, como no tempo dos dinossauros, outro em vulcões ou maremotos... sempre “a natureza se vingando” (diria Fernando Pessoa sobre isso “Só a Natureza é divina, e ela não é divina.../ Se falo dela como de um ente/ É que para falar dela preciso usar da linguagem dos homens/ Que dá personalidade às cousas, E impõe nome às cousas.”), alguns inventavam doenças e epidemias, mas estas eram sempre controladas, a Natureza não.

E cá estamos nós já na segunda década do século XXI, os anos 10, e eis que ressurge com força extrema algo que era uma temática para lá de alternativa e restrita aos filmes “B” de terror dos anos 60 aos 80: o apocalipse zumbi! Mortos-vivos que vagam em bandos com o único intuito de alimentarem-se de cérebros. Agora eu vou dizer uma coisa muito séria para vocês, caríssimos amigos: ISTO TAMBÉM JÁ ACONTECEU!

O mundo hoje alcançou 7.000.000.000 (sete bilhões) de habitantes. Somos, definitivamente, a espécie animal com crescimento mais descontrolado da história do planeta. O mundo inteiro, inclusive os chamados países desenvolvidos, sofre com desemprego, problemas de educação, de alimentação e de saúde para todos.

A comunicação mundial se dá de modo imediato e fragmentado, todos têm acesso a tudo e ninguém sabe de nada. Boa parte das pessoas apenas reproduz o que é dito por outros. Mesmo as academias vêm padecendo ao tentar identificar o que é produção e o que é reprodução.

Cada vez mais pessoas se aliam em grupos sejam políticos, religiosos, de torcedores de algum time, de fãs de algum artista, de gente que segue alguma dieta alimentar...

A verdade que meus olhos veem através das lentes de meus óculos é triste. O mundo está dominado por zumbis. Por seres sem capacidade de discernimento que vivem de comer os cérebros alheios e de transformar todos em seus iguais... O que fazer em um mundo assim?

Eu resolvi virar professor. Sei que não vou salvar o mundo do apocalipse já instalado. Minha missão não é tão bonita quanto a de meus antecessores. Eu estou aqui para tentar ajudar a manter o cérebro de outras pessoas ainda em suas funções, por mais que elas sejam mordidas pelos zumbis da televisão sensacionalista, da internet procrastinadora, das músicas que transmitem ideia nenhuma.

Eu estou aqui para treinar sobreviventes."

Texto de Alan Robert


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