Questão de Honra [2]

Mas Mônica não se dava por vencida, já que era uma questão de honra, pensou várias vezes “Com o tempo tudo passa, inclusive esse ar petulante o qual ele me trata. Ou mesmo essa fissura que tenho nele” Agora era esse o único inimigo de Mônica, o tempo, a cada nova conquista ela treinava o que faria se o cara de óculos estivesse no lugar daquele, os homens se tornaram experimentos, testes. Não era qualquer tipo de treino, ela se entregava por completo a cada vez que estava com alguém, acabara de ganhar mais uma característica, não parecia só apaixonada por cada um deles, parecia amar cada um. Alguns confundiam e diziam que Mônica estava se tornando cada vez mais dissimulada, mas não, não era essa sua meta, mas sim se tornar cada vez mais perfeita para o cara de óculos.

Como alguém materializa tanto um momento como ela fazia? Até mesmo porquê nem seu nome era sabido, e queria que continuasse assim, isso não importava mais. A cada suspiro que dava fazia da forma mais sensual possível, pois ele podia estar olhando, mesmo que disfarçadamente, passava língua entre os lábios pra umidecê-los e quando fazia isso transpirava ferormônios, os seus cabelos, sempre que mexia neles parecia acariciar alguém. Era uma mistura de movimentos que quando feitos em harmonia ela conseguia tudo e todos.

Chegou a fazer um diário, de tudo que parecia enlouquecer um homem, e o que devia evitar, acabou que os homens ficaram iguais para ela, era muito fácil agradá-los. Principalmente para ela que se transformava em todos os tipos de mulheres, apenas na cama, para seu único e exclusivo prazer, sempre. Nesse diário escreveu todos os detalhes de como seria seu encontro com ele, sabe aquele momento em que os dois se tornam um, que as respirações ofegam no mesmo ritmo e que nem mesmo os corpos molhados de suor incomodam, são até confortantes, pois parecem escorregar, e dá uma vontade louca de ficar segurando para que a pessoa não fuja dali, mesmo sabendo que isso não vai acontecer.

Ela imaginava tudo com tanta calma que parecia um plano de seqüestro, tinha que ser perfeito, um crime perfeito. A primeira coisa que faria seria tirar-lhes os óculos, queria ver o que se escondia por detrás deles, depois disso nenhuma palavra seria dita, não era necessário, Mônica sabia ler olhos como ninguém, talvez por conta de sua bruxaria. Depois começaria a desabotoar os botões da blusa dele, era louca por botões, e ele sempre usava camisas assim, isso a deixava louca com vontade de arrancar todos, mas com ele não, tinha que ser sublime. Seus lábios seriam uma porta para todos os seus desejos, até os mais íntimos, suas mãos iriam guiar o prazer dele e suas pernas o prenderiam, até que perdessem a força.

(continua)...