
Acompanhada de algumas amigas, uns copos de cerveja e um violão desafinado tocado por alguém mais desafinado ainda, Mônica encontrava-se calada, concentrada e nem participava das conversas que regiam as risadas na mesa. Estava longe, pensativa:
A excentricidade me atrai, vai ver é isso que me chama atenção nele. Vai ver é este jeito melancólico e isolado do mundo, nada o atinge, nada o distrai. Fica lá sentado naquela mesa de bar, sozinho talvez esperando um convite para juntar-se à mesa ao lado, ou que alguém sente lá, puxe uma conversa, pergunte como vai a vida... Já o vi conversando com algumas garotas, parecia a vontade, contudo nenhuma sentou com ele no bar e lhe fez companhia.
Hoje a minha cerveja desce amarga (mais que o de costume). Não será de uma marca diferente da usual? Olho o rótulo, não, não era. Todas aquelas grandes experiências e aventuras de nada mais me valiam, mas o meu diário e todos os desejos que sinto por ele ainda encontram-se em cima da escrivaninha, junto com a caneta que ele um dia me emprestara. Nunca mais eu havia escrito nada sobre ele, será que estou superando essa coisa platônica que sinto por ele? Talvez, porém ele ainda habita meus pensamentos e sonhos mais íntimos. Quando o vejo nos corredores sinto aquela louca vontade de arrancar-lhes os botões da blusa, tirar seus óculos e encará-lo.
E lá estava ele. Com os óculos meio caídos como de costume e a minha blusa preferida, escura com botões pretos. Estava com sua eterna companheira, Clarisse Lispector, sempre que ia ao bar a levava, era sua amante. Eu sentia um certo ciúmes dela. Parei por alguns instantes e observei, ele lia baixo (sussurrava), parava, olhava para o livro como pensando profundamente no que ela descrevia no texto, depois olhava pros lados somo se esperasse alguém que está atrasado. Me bateu uma vontade louca de ir lá puxar papo, mas nunca tive muita credibilidade com ele.
Há algum tempo eu deixara de forçar movimentos sinuosos, fazia-os d vez em quando, quase sem perceber. Comecei a me policiar, não estava decidida a desistir, mas havia outras, menos agressivas e talvez mais eficazes. Voltei a freqüentar antigos refúgios de lamento (bares medíocres e confortáveis), que por coincidência sempre o encontrava por lá, comei a olhar menos ou mesmo fingir que não olhava tanto, minhas amigas retomaram seus lugares no grupo, já que companheiros ultimamente eram homens. Eu havia mudado por ele e não tinham surtido efeito, voltei a ser o que era, mas não perdi minha essência sedutora. Nessas duas ultimas semanas muita coisa mudou...
12 comentários:
Esse cara de óculos é um babaca. Não merece a Mônica. Ela é gente boa demais, parece papinho de amiga que quer botar a outra pra cima usando de psicologia auto-ajuda, mas que seja, é o que eu penso mesmo.
Jessika, eu gosto bastante daqui, tu sabe. Mas as histórias escritas pela Mônica são as melhores, são o diferencial do teu blog. Quando tu diz que escreveu um texto novo eu pergunto logo: "Mônica?"
Eu gosto mesmo.
Esse então, com ela mais calma, mais sentrada, ficou muito bom.
(y)
Beijos!
...centrada*
Até onde se corrompe uma honra? onde está o cara de óculos? cade os botões?, valeu apena modificar-se por fora? se por entro continuava a mesma?
Atos Aleatórias de extrema burrice, muitas vezes se transformam em uma essência sedutora que carregamos emtre nós.
No fim tudo que passamos, se torna e se fundi no que somos.
Mais uma vez, excelente texto!!! Vejo agora que Mônica esta realmente apaixonada pelo "cara de óculos e de camisa de botões", pois até mudanças em sua personalidade estão acontecendo decorrentes desse sentimento que nasceu ou será apenas mais uma artimanha de Mônica para mostrar a todo que ela é capaz de tudo para conseguir o que quer???
Valeu Sr. Victor, é sempre bom saber oq vc acha da mônica.
Valha eu passei tão pouco tempo usando oculos vc ja escreveu sobre min a Mônica safadinha ... tsi tsi tsi !
Nem sabia q vc usava óculos...
o que é tsi?
Olá!!
Obrigada pelo elogio,sempre que quiser, fique a vontade em visitar o Diário, por aqui também é muito bacana!!
Um grande abraço.
D&D - Diário de um Monóculo.
eeeita que volta foi essa da Mônica?
show...!!! quero final, quero final... :)
ooowwww...
ler todo o blog, muito bom
Oi anônimo!!! Q bom q gostou!
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