Panul

Vez por outra me pego em devaneios de romancista, olho para certos detalhes e tento criar frases mirabolantes... “Os olhos dela são belos e tento imaginar sua beleza jovial, vejo as fotos, mas ainda não é o que procuro. Procuro os olhos cor de mel, o olhar curioso, um molejo qualquer...” .A paisagem é outra coisa impressionante a ser adjetivada nos mínimos detalhes, talvez ficasse cansativo, bonito para quem ver, entretanto, não acho ter ainda dons para tal descrição. Sairia quase dessa forma “É encantador ver que a cerração parece fumaça expelida das montanhas e adentra nas janelas da casa...” São pedaços do que seriam boas histórias ou ao menos seriam histórias.

Também não é para menos, no frio de deixar o nariz vermelho, bruma de dar gosto, vinho, champanhe. Pra completar Mário Prata do lado, Vinícius de Moraes, Chico Buarque de Holanda, Elis Regina e Fagner na vitrola (isso mesmo! Aquele chiado melancólico da vitrola). As flores estavam viçosas, o beija-flor visto voando de lá pra cá quase dar para pegar pela janela e muita lama em volta. Até a lama é boa é uma espécie de mar e a casa vira nossa ilha e somos obrigados a nos divertir com o que nos é proporcionado lá dentro.

O celular é desligado, não tem sinal algum, melhor assim, sensação de que estamos em outra realidade. É bom e engraçado... Principalmente quando consigo sinal e vejo que os desavisados de minha viagem sentiram minha falta (\o/). Pra completar consegui terminar de ler Estorvo (esse livro é um estorvo), tirei umas fotos (não tão lá bonitas, mas tirei), fiz brigadeiro (!!!!!), joguei conversa fora, assisti novela. Consegui até beber vinho tinto, levei uma queda na lama, banho de chuva, dormi de meias, faltou só alguém pra esquentar minhas costas...

P.s.:PANUL na língua nativa indígena chilena significa abraço. É também o nome da cadeia de colinas que rodeiam a região dos vinhedos que dá nome à cidade de El Panul no Chile, localizada na belíssima região do Aconcágua. Também nome de um dos vinhos que provei!