Meu Talismã...

Ilustração Ceci Shiki

Mesmo faceiro, era um coração triste, sangrava vez por outra e perdia-se num abismo antes que ele mesmo visse. Pensamentos que hora lhe serviam de inspiração e hora de piração o atormentavam em bares, cantos e pontos de ônibus, tirando toda a sua percepção.
As moças de ancas fartas lhe chamavam atenção, mas aqueles olhos que mudavam de cor junto com o humor de sua dona não lhe saiam da cabeça, estava prestes a pedir demissão do cargo de coração. Era assim que passava os dias entre uma tela branca, linhas mal escritas e um maldito cursor que pisca.
Os olhos eram sempre avermelhados, não só de choro ou sofrimento, mas também de cansaço. Era a espera que o fizera assim, a triste espera de um fim, para que ele se libertasse dos olhos da moça de marfim.