domingo, 20 de novembro de 2016

Esquiva

- Não consigo mais.

- O quê?

- Sentir!

- O que você quer sentir?

- Não sei, mas sentir e deixar de sentir saudades já seria muito bom! Eu estou conseguindo explicar? Tem saudades que não quero ter e tem saudades que quero ter. As coisas que não vivi são as que mais quero... sempre tive uma certa nostalgia com elas. São para mim uma realidade que estou lá, mas não é aqui, então eu vivo sem sentir no agora, então eu só sinto saudades, só que não lembro direito do quê. Deve ser só o desejo do que eu gostaria que fosse, mas esse desejo acaba virando saudades pq sinto que já vivi.

- Entendi pouca coisa, mas gostei do que falou. Gostei de você ter me contado, mas posso usar da sinceridade e dizer que acho lindo você falar essas coisas mesmo sem eu entender muito bem o que você quer dizer? Queria te acompanhar nesses pensamentos. Estar contigo e ver as coisas que sonha e pra onde vai. Isso parece meio aquela frase do poetinha “O ciúme é o perfume do amor”. Será que é isso que sinto de ti com essas saudades? Nem sei pq falei dessa música. Enfim, posso ir contigo?

- Não. Não seria mais minhas saudades, seria você dentro de mim, mais do que aquilo que meu limite está preparado. Sabe, uma coisa em mim que percebi que gosto? Caçar.

- Caça? Agora virou cão de caça? Enlouqueceu?

- HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA! Não! Não sou domesticada para a caça, ela está em mim! Gosto das presas, do jogo de farejar e sentir seus gostos. Só para isso que as quero. Alimento.

- Então a caça é uma saudade que viveu ou que está em uma realidade que você sente? Pelo visto é das saudades que você gosta de ter, né?

- Não sei bem como explicar, só sinto. Falando em sentir, sinto que preciso ir.

- Vai caçar?

- Não. Apenas vou.

- Posso sentir saudades?

- Não. Ainda sou presente. Vou, mas você ainda me sente. Sente saudades não. Só sente. 

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