segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Sesta

Mesmo sendo meio da semana deitamos na rede que pegava o vento da varanda e sabíamos que nem a luz forte daquele momento nos impediria de um cochilo. Ele tinha hora pra sair e eu estava de folga e, mesmo sem precisar bater o ponto, não gosto de deitar a tarde... só deitei pra ficar um pouco com ele, era um dos raros momentos em que o via na hora do almoço.

Adorava quando deitávamos juntos na rede. Ele me abraçava a cintura e me puxava pra perto. Sabia e sentia que seu corpo mudara - ganhou alguns quilos e muitos mais pêlos apareceram no corpo, enquanto uns lhe abandonavam e deixavam entradas nas têmporas - "Bandeiras!", dizia ele - e eu achava lindo e o amava.

Cochilamos. Ele mais que eu (sempre pegou no sono fácil). Enquanto o sono não aparecia, eu ficava lá toda boba olhando para suas mãos - palmas grandes, dedos curtos e grossos, unhas largas e linhas bem marcadas - que geralmente estavam entrelaçadas com as minhas ou segurava um de meus seios enquanto dormíamos. Como gostava de olhar pra elas!

Foram 20 min e sempre que deito na mesma varanda lembro daquele dia. Consigo lembrar da claridade que fazia, do cheiro de seu suor e ainda consigo sentir nossos quadris encaixados e ele me esquentando as costas.

Hoje, talvez, seja a última noite que eu durma nessa varanda e a primeira coisa que lembrei quando deitei, foi que aqui é muito bom e ventilado e a segunda, foi desse dia. Desses 20min.

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